Quem somos
Este é um dos concelhos mais antigos de Portugal, tendo-lhe sido outorgado foral pelo Conde D. Henrique e D. Teresa em 9 de Maio de 1111. Em 1834, com a união de 6 velhos concelhos, nasce o actual concelho de Sátão.
Vem de tempos imemoriais a origem da palavra “Sátão” não se sabe ao certo a raiz desta palavra “Sátão”, defendendo-se várias hipóteses quanto à sua etimologia. Podendo ser de origem latina, arabizada, céltica, romana ou mesmo germânica.
A teoria mais consensual diz que vem de “Terram Satam ou Sattam”, que deriva do verbo latino “sero” (semear), significava: terra semeada ou susceptível de o ser. Na verdade, o terreno da freguesia do Sátão e de algumas em redor, como Barreiros e parte de Miôma, não possuindo pedreiras, era todo ele possível de ser lavrado. Os montes do Sátão, hoje com soutos e pinhais produziam batatas, centeio e trigo, sendo solos muito férteis.
Outra hipótese defende que Sátão deriva de "Terram Septram", como Ceuta no Norte de África, que deriva do verbo "sepio" (cercar), significa terra cercada, não por montanhas nem por grandes cursos de água, mas sim pelo relevo especial que tornavam muito difícil o acesso por boas estradas, daí as famosas "Curvas de Sátão".
Estas terras deram lugar a contendas desde a pré-história, as perseguições e batalhas que nestas terras tiveram palco, não foram esquecidas. Estão impressas nas suas igrejas, prova da fé deste povo.
O natural ou habitante de Sátão denomina-se satanense ou satense.
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Tradições, Lendas e Curiosidades
São em grande número as manifestações populares e culturais do concelho: a festa do Mártir S. Sebastião, a 20 de Janeiro; a de Nossa Senhora de Fátima, a 13 de Maio; a de Santo António, a 13 de Junho; a festa do Anjo da Guarda, no segundo domingo de Agosto; a de Nossa Senhora da Graça, a 15 de Agosto; a festa de Nossa Senhora da Oliva, a 15 de Agosto; a festa de Nossa Senhora de Belém, no quarto domingo de Agosto; a festa de Nossa Senhora da Conceição, a 8 de Dezembro e a de S. Silvestre, a 31 de Dezembro. O artesanato é muito rico e variado, salientando-se os trabalhos de cestaria de vime (canastros, vindimeiros e cestos de costelas), os trabalhos de cestaria de palha e silva (teigas), a latoaria de flandres, os trabalhos de tecelagem (mantas de farrapos e mantas de alevantes) e as ferragens (utensílios agrícolas e ferros forjados). Como lenda e tradição, destaca-se o designado "casamento das velhas", actividade realizada pelo Carnaval. Era costume os jovens da aldeia dividirem-se em dois grupos, que deveriam colocar-se em pontos altos afastados um do outro. Faziam dos funis de metal, usados para encher as pipas de vinho, megafones para gritar o nome das raparigas e para lhes escolher um par. Era costume fazer pares entre pessoas que tinham relações pouco amistosas, geralmente entre velhos viúvos e jovens solteiras, com a intenção de criar os pares considerados os mais improváveis e, assim, provocar a irritação dos contemplados. Os dois grupos de rapazes passavam a tarde a perguntar um ao outro qual seria o "parceiro ideal" para esta ou aquela jovem ou senhora.
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Economia
No concelho predominam as actividades ligadas ao sector primário, seguidas das do secundário, na área das indústrias de mobiliário, têxtil, de mármores e granitos, de tintas e de louças, e só depois das do sector terciário. No que se refere à actividade agrícola, predominam os cultivos de cereais para grão, leguminosas secas para grão, prados temporários e culturas forrageiras, batata, prados, pastagens permanentes e vinha. A pecuária tem também alguma importância, nomeadamente na criação de suínos, coelhos e aves. Cerca de 43,2% (2563 ha) do seu território está coberto de floresta.
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História e Monumentos
O concelho resultou da fusão dos municípios de Gulfar e de Ferreira de Aves, ambos, provavelmente, anteriores à nacionalidade. Recebeu foral em 1111, outorgado pelo conde D. Henrique e por D. Teresa, o qual foi confirmado em 1218 por D. Afonso II. Em 1708 Sátão seria a vila da igreja-vigairaria, do padroado real e da comenda da Ordem de Cristo, contando, segundo dados da época, com um elevado número de fogos (276). Ao nível do património histórico e arquitectónico, destaca-se o Santuário de Nossa Senhora da Oliva, fundado em 1633, cuja igreja é o que resta de um antigo convento de dominicanas. O retábulo do altar-mor é de talha joanina, sendo datado da terceira década do século XVIII. As paredes da capela-mor são revestidas a azulejos policromos do tipo tapete do século XVI. Da imaginária destacam-se duas esculturas, estofadas e douradas: a de Nossa Senhora da Oliva e a de Nossa Senhora do Rosário, ambas do século XVII. São de referir ainda a Capela de Contige, que apresenta trabalhos de primorosa talha, e o santuário penitencial do Senhor dos Caminhos.
Pré-História
A presença de populações na área que hoje constitui o concelho de Sátão remonta a épocas pré-históricas do período neolítico, a atestá-lo estão os dólmenes. Existem pelo menos quatro. Um nos pinhais entre Forles e Pereira, dois entre Casfreiras e Vila Nova de Paiva. O mais conhecido e de interesse, é a Orca dos Juncais entre Ferreira de Aves e Queiriga. Este último é formado por pedras colocadas ao alto que servem de suporte às lajes (slabs) e é precedido por um corredor que lhe dá acesso, tal como nos outros casos. Pode considerar-se que é do tipo passage grave. Estes dólmenes encontram-se circunscritos numa área de Ferreira de Aves entre o Vale da Ribeira e a depressão do rio Paiva.
Castros
Existem vestígios da existência de algo semelhante a um castro nos Santos Idos nos arredores do Sátão. No entanto, este aínda não foi suficientemente estudado pelo que é impossível confirmar se realmente aí existiu.
Citânia pré-romana
Alguns autores mais antigos defendem que em Ferreira de Aves, próximo da mesma área onde se encontram os dólmens, teria existido uma cidade pré-romana, chamada Rarápia. Actualmente esta afirmação não está completamente posta de parte mas faltam, como no caso do castro uma confirmação definitiva.
Romanos
O professor Cristóvão de Figueiredo, no seu trabalho “Subsídios para o estudo da viação romana nas Beiras” (Revista Beira Alta – 1953) afirma que pelo concelho de Sátão passou uma via romana vinda de Trancoso e Aguiar da Beira e seguia para Viseu.
Árabes
Em 711 chegaram os árabes. Ocuparam também esta área dominando os cristãos aos quais era permitido seguir a sua religião e regerem-se pelos seus costumes mas tinham de ser subservientes perante o poder árabe.
A reconquista
A reconquista inicia-se com Pelágio em covadonga, nas Astúrias, e durou séculos. Alexandre Herculano dá como certa a data de 1057 para a campanha de Fernando Magno, rei das Astúrias, de Leão e de Castela, que, nesse ano, Partindo de Zamora, conquistou de surpresa a cidade de Seia (Sena) e todo o vale do Mondego. Seguiu depois para Lamego e Viseu e outros lugares da Beira.
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Cartas de Foral
Em 1111 O conde D. Henrique outorga foral a Sátão. A Ferreira de Aves é dado por D. Teresa, mãe de Afonso Henriques em 1126. Em 1240 D. Sancho concede foral a Rio de Moinhos. Conhece-se o segundo foral de Golfar de 1315 passado por D. Dinis O foral da Silvã é mais tardio de 5 de Abril de 1514 de D. Manuel. O Ladário começou por ser um couto e só no sec. XVI se torna Concelho com foral de D. Manuel.
Conteúdo da carta do Foral, escrita em 1149
"Em nome de Cristo. Eu, Conde Henrique, juntamente com minha esposa Teresa, Filha do grande Rei Afonso, Imperador de Toledo.
Foi do nosso agrado concedermos a vós, homens de Sátão, que habitais dentro e fora as herdades e povoações de Sátão, concedermos, sim, e outorgarmos um Foral bom em razão do que vós usastes para connosco e por nos terdes agasalhado em vossa casa.
Por isso, nós vos damos este foral para vos guiardes por ele em qualquer parte por onde andeis. E não deixeis de o seguir, nem vós nem os vossos descendentes.
Assim: o que tiver um boi de trabalho, dê um moio. O que tiver dois bois, dê dois moios. E sejam, destes moios, uma terça parte de trigo e duas partes de segunda. E tudo isto, pela vossa velha medida que já tínheis, quando aí vos fixastes em Sátão.
Mais dareis a sexta parte do vinho, do linho e das favas que cultivardes.
E se alguém for cavaleiro e morrer e ficarem a mulher ou os filhos, continuem a sua herdade e a sua casa a ser honradas com as honras da cavalaria, mesmo que fiquem sem cavalo durante três anos.
E se um peão morrer, seja homem seja mulher, e tiver uma herdade, que essa herdade passe para os seus descendentes, ou a venda, ou a dê, ou faça o que quiser.
E se se levantar querela entre vós, vão quatro ou cinco homens bons, escolhidos pelo concelho, e julguem a questão, juntamente com o vosso Juiz. E o que assim resolverem, seja cumprido.
E quanto a caça de montaria, se for de espera, dê o caçador um coelho. Se for de armadilha, dê dois lombos (por ano).
Este foral nós o damos e com nossa autoridade o mandamos. E se nós ou alguém nosso descendente tentar infringi-lo, seja ele quem for, que fique excomungado, a lepra o atinja dos pés à cabeça, e sofra como Judas, o traidor, os castigos do inferno.
Foi feita esta carta de foral no dia 9 de Maio da era de 1149.
Eu Conde Henrique mandei fazer esta carta e a confirmo pela minha própria mão.
Eu Teresa confirmo. Mendo Viegas representante do bispo Gonçalo na Santa Sé de Coimbra.
Egas Gozendes, senhor de Baião, confirmo. Egas Moniz, senhor de São Martinho, confirmo. pelágio, testemunho. Mendo Moniz, senhor de Penafiel, confirmo. Gonçalo, testemunho. Paio Soares, senhor da Maia, confirmo. Fernando Fernandes, senhor de Lamego, confirmo. Pedro, bispo, chanceler do Conde e cónego da Igreja de Guimarães, a escreveu".
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Instituição do concelho de Sátão
Formou-se em 1834 com a união dos concelhos anteriores. Todos os pelourinhos se conservam ainda, à excepção do de Sátão. Ao antigo concelho pertenciam as freguesias de Sátão (Vila de Igreja), Mioma, Avelal e São Miguel de Vila Boa. Ao de Ferreira de Aves as freguesias de Ferreira de Aves, Forles e Águas Boas. Ao de Golfar as freguesias de Romãs, Decermilo, Vila Longa, Silvã de Baixo e Silvã de Cima (até ao século XVI). Ao de Silvã, a freguesia de Silvã de cima. A Rio de Moinhos a freguesia com o mesmo nome.
Este Concelho está repleto de histórias, quer sobre os seus monumentos, quer sobre a sua formação. Poderemos dar como exemplo o crescimento da Vila de Sátão. Este cresceu em três fases. Na primeira, dizia o Dr. Hilário de Almeida Pereira, em 1946, que a Vila do Sátão era considerada, nessa altura, a mais pequena.
O seu primeiro passo foi comprar a Quinta da Miuzã, onde agora estão os Paços do Concelho, a Praça Paulo VI e a Escola Preparatória, os Correios, a Pensão Império, o Cine-Teatro e muitas outras construções de relevo. Apesar dos meios financeiros de que disponha serem poucos, a força de vontade era muita. O Dr. Hilário de Almeida Pereira, depois de continuar a engrandecer o Sátão, fundou a grande Feira de São Bernardo, núcleo donde, com o rolar dos anos, derivaram as já famosas Festas do Sátão.
Na segunda fase, sequência da primeira, assistiu-se à construção do novo e belo edifício dos Paços do Concelho, em granito do mais puro e a Praça Municipal Paulo VI , hoje unanimemente considerada uma das mais amplas e airosas do distrito. Houve uma grande expansão da Vila; então quase tudo mudou de sítio. Construiu-se a primeira Pensão, a nível moderno. Abriu o primeiro café e começou a funcionar o primeiro posto de abastecimento de combustível.
A terceira manifestou-se, de há uns 20 anos para cá, com o poder local, o fenómeno imprevisto da emigração, plano orientador a nível municipal, que veio dar à Vila um aspecto de terra mais nova, pujante e bem articulada. Nesta terceira fase, a Vila de Sátão cresceu extraordinariamente. Cafés, restaurantes, casas bancárias, jardins, fazem todos os dias esta nossa terra.
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