Gastronomia | Jogos | Lendas | Tradições |
Estas informações foram-me enviadas pela menina Paula Tomaz, de Romãs a quem muito agradeço.
As lendas e as crenças populares ajudam a compreender, e chegam mesmo a justificar, a origem de algo. Esta freguesia apresenta diversas lendas sobre grutas (lapas), penedos e mesmo marcas no solo. Mas as que mais se contam são:
Lenda da "Lapa da Moira" (Moura) Conta a lenda que esta lapa tem um túnel, que outrora permitia a travessia entre o carvalhal e a Senhora do Barrocal. Até aos dias de hoje, ninguém sabe dizer se de facto existe uma passagem subterrânea, pois não houve quem a tentasse explorar. |
Lenda da "Lapa de São Silvestre" Reza a lenda que, um dia, a imagem de São Silvestre foi encontrada numa lapa que ainda hoje se encontra à entrada da povoação do Carvalhal. Apesar da sua localização, foram os habitantes da Silvã de Cima que a descobriram, e como tal levaram-na para a sua terra. Mais tarde, o Santo apareceu na lapa onde tinha sido encontrado pela primeira vez, mas os habitantes de Silvã de Cima organizaram-se em procissão e levaram a imagem de volta. Desde então, a imagem de São Silvestre encontra-se na Silvã de Cima, sem nunca mais de lá ter desaparecido. |
Lenda "As Pegadas da Burrinha" Segundo a lenda, quando o rei Herodes quis matar o Menino, Nossa Senhora e São José fugiram de Belém, guiados pelas estrelas até chegarem ao local de Nossa Senhora do Barrocal. Quando aí chegaram, os soldados que tinham seguido a Sagrada Família, julgaram tê-la encurralado, pois depararam-se com um precipício. Mas Nossa senhora montada na burrinha saltou o abismo e fugiu dos soldados. A fé do povo leva a identificar umas marcas, no sítio de Tojais, entre Douro-Calvo e Romãs e no local da Senhora do Barrocal, como sendo as pegadas da burrinha. |
Lenda "Penedo dos Casamentos" Associado a uma crença, o "Penedo dos Casamentos" é uma espécie de ritual. Quando os habitantes do Carvalhal e arredores iam ou vinham da missa, passavam pelo "Penedo dos Casamentos" e atiravam pedras. Estas eram lançadas com a mão esquerda e por cada pedra que atirassem e não ficasse em cima do penedo, significava um ano de solteiro (a). Quando a pedra ficava em cima era casamento anunciado. |
Lenda do Penedo "Tin-Tin" O Penedo "Tin-Tin" foi descoberto por pastores quando andavam a pastar o gado. Reza a lenda que debaixo do penedo existiam mauros e muita riqueza, que com o bater de uma pedra num buraco que ai se encontra, faziam tilintar o penedo. |
As tradições de um povo são reveladas pela forma como celebram os acontecimentos. Transmitidas de geração em geração, elas são a memória viva de um passado na continuidade dos tempos. Nas festas veneram-se os Santos, com muita alegria, música e danças. Os principais festejos, na freguesia das Romãs, estão distribuídos pelas povoações que a compoem.
Os jogos são actividades de relaxamento e diversão que permitem o convívio entre as pessoas. Não necessitavam de extravagâncias ou actos dispendiosos, apenas de materiais básicos e da participação activa dos jogadores. Durante os jogos reinava a boa disposição apesar de haver sempre um vencedor e um vencido.
Romãs ainda preserva algumas cantigas e jogos tradicionais como:
"Cantiga Cuco Ramalheiro" Sempre que se ouvisse cantar o Cuco, as pessoas deveriam entoar a canção do "Cuco Ramalheiro": "Cuco Ramalheiro, quantas anos me dás de solteiro?" Por cada vez que o Cuco cantasse significava mais um ano de solteiro. Diz-se também que as pessoas que ouvissem o Cuco cantar pela primeira vez deveriam rebolar no chão, para acabar com as dores de costas. As pessoas deitavam-se no chão e rebolavam, independentemente do sítio onde estavam, pois o que de facto interessava era acabar com as dores de costas. |
Bicho O jogo do Bicho é semelhante ao jogo da Malha. Coloca-se um pino no chão e os jogadores, cada um na sua vez, tentam derrubá-lo. |
Boneca Actualmente, este jogo ainda é praticado pelas crianças, mas com um nome diferente: a "Macaca". Primeiro, é necessário desenhar-se, no chão, três quadrados, a seguir a estes, dois geminados (lado a lado na horizontal), depois outro quadrado e finalmente mais dois quadrados geminados. Este jogo consiste em percorrer as casas (quadrados) com um único pé, excepto nos quadrados geminados, colocando um pé em cada um deles. |
Calquei Para este jogo é necessário que se desenhe, no chão, um rectângulo grande, dividido seis quadrados, dispostos em duas filas. Num dos pólos das filas desenha-se um outro espaço designado de "céu". É necessário, ainda, uma pedra e a participação de vários elementos. Neste jogo, o participante lança a pedra para o primeiro quadrado e faz o resto do percurso a pé-coxinho, excepto no local de descanso, onde poderá colocar os dois pés para descansar. Não poderá pisar o risco ou nem colocar o pé no quadrado onde se encontra a pedra. Quando o jogador chega ao céu pequeno, dá meia volta e volta para trás, e quando atingir o quadrado que antecede aquele onde está a pedra, o jogador apanha a pedra e salta para o quadrado seguinte. O jogador repete o mesmo para todos os quadrados, incluindo o "céu" pequeno, no qual dá meia volta no sexto quadrado e apanha a pedra voltando para trás. No final de tudo isto, o jogador de olhos fechados e com a ajuda de outro, tem que colocar um pé em cada quadrado e perguntar se calcou ou não o risco, até que tenha chegado ao "céu" pequeno. |
Choca Para se jogar a Choca, faz-se um buraco no chão, a uma determinada distância, relativa do local onde se encontra o jogador. Este lança uma pinha com a ajuda de um pau e tenta acertar no buraco. |
Panelinha Geralmente praticado na Quaresma, este jogo pode ter a participação de vários jogadores. Colocados em fila e de costas, os jogadores lançam uma panela de barro para trás, passando de uns para os outros. A finalidade deste jogo é não deixar que a panela caia ao chão e se parta. |
Rapa Para este jogo é necessário uma espécie de pião quadrado, em que cada face tem uma letra, sendo elas: R de rapa, D de deixa, T de tira e P de põe. Cada jogador tem consigo moedas ou feijões (ou outra coisa qualquer) e cada um põe um destes objectos, por exemplo uma moeda. Cada jogador lança a rapa, e dependendo da letra que ficar virada para cima, assim o jogador deverá agir. Desta forma, se for P, o jogador deverá pôr mais moedas/ feijões; se for T, deverá tirar uma ou duas moedas do local onde pôs no início; se for D, o jogador não tira nem põe, deixa; mas se sair R, retira tudo para si, isto é, rapa. |
A gastronomia tradicional da região da Beira Alta é muito saborosa e inconfundível no seu paladar. Romãs propõe ao apreciador vários pratos da sua cozinha tradicional, como o Cabrito Grelhado na Brasa e Batata à Racha. Este é um prato típico da freguesia, que pode ser saboreado na localidade de Rãs.
A Batata à Racha consiste em cortar as batatas às rodelas e com casca e passá-las na brasa. Mas, entre outros pratos, destacam-se:
Bola de Carne Ingredientes: Preparação: Numa tigela peneire a farinha com o sal, acrescente as gorduras, junte a água e amasse até ligar tudo. Tenda esta massa numa bola, embrulhe num pano e coloque no frigorífico. Depois de algum tempo, divida essa massa em duas partes e estenda-as com o rolo. Unte um tabuleiro com margarina, forre-o com uma camada de massa e coloque por cima as carnes previamente cozidas. Cubra as carnes com a outra camada de massa, que se pincela com ovo batido. Vai a cozer em forno moderado. |
Cabrito Assado Ingredientes: (Para 1 cabrito de Preparação: Depois de limpo e de se lhe ter tirado a fressura, barra-se o cabrito interior e exteriormente com uma papa feita com os alhos esmagados, sal grosso, colorau, louro, azeite e banha. O cabrito deverá ficar assim temperado de um dia para o outro pelo menos |
Feijão com couve e Carne de Porco Ingredientes: Feijão catarino Couves de repolho Batatas (brancas e doces) Carnes de porco Toucinho Morcela Molho Chouriça Cominhos Alho Cebola Cenouras Azeite Preparação: O feijão vai ao lume com um fio de azeite, cebola e alho, ambos picados. Enquanto isso, numa panela à parte, a carne vai cozendo. Com as carnes e o feijão quase cozinhados, junta-se tudo e adiciona-se a couve cortada aos bocados, as batatas, as cenouras e os enchidos. Finaliza-se com uma boa pitada de cominhos e deixa-se cozinhar. |
No que diz respeito à doçaria, o turista pode deliciar-se com doces conventuais como o Arroz Doce, as Barrigas de Freira, ou outros doces tradicionais como as cavacas, e o Pão-de-Ló.
Arroz Doce Ingredientes: Preparação: Coloca-se o leite num tacho, leva-se ao lume, e quando começar a ferver junta-se o açúcar, o arroz, o sal, a casca de limão e o pau de canela. Assim que o arroz estiver cozido, retira-se do lume e deixa-se arrefecer um pouco. Batem-se as gemas à parte e juntam-se ao arroz, mexendo muito bem. Leva-se a lume brando. Serve-se numa travessa ou em pratinhos, polvilhado com canela. |
Barrigas de Freira Ingredientes: Preparação: Prepara-se uma calda com o açúcar e |
Cavacas Ingredientes: Para as Cavacas: Para a cobertura: 8 claras Preparação: Peneira-se a farinha com o bicarbonato e o sal para o alguidar. Faz-se a cova no meio onde se deitam dois ovos inteiros e as oito gemas, o azeite, a aguardente e a raspa da casca de limão. Batem-se estes ingredientes à mão durante uma hora. Em seguida, juntam-se os restantes ovos, batendo muito bem, um a um Deixa-se a massa repousar cerca de uma hora, sendo depois deitada ás colheradas em tabuleiros ligeiramente untados com azeite e polvilhados com farinha.
As colheradas de massa devem ficar bem distanciadas, porque a massa tem tendência a crescer. Levam-se as cavacas a cozer em forno bem quente. Depois de cozidas e frias, as cavacas são cobertas com as claras batidas com o açúcar, devendo esta cobertura estar bem espessa. À medida que se vão cobrindo com a cobertura, põe-se ao sol a secar. Esta operação também pode ser feita no forno, desde que a temperatura seja inferior a 500. |
Pão-de-Ló Ingredientes:
Preparação: Bata muito bem as gemas com o açúcar até se formar uma massa esbranquiçada e volumosa. Em seguida, envolva as claras batidas em castelo. Peneire então os dois tipos de farinha e o fermento que já devem estar misturados. Coloque a massa numa forma de abertura no meio, untada com manteiga e polvilhada com farinha. Aqueça o forno e leve a cozer o pão-de-ló durante cerca de meia hora. Desenforma-se depois de frio. |
ARTESANATO
O artesanato esteve sempre presente nas tradições da freguesia das Romãs. Outrora muito desenvolvido, demonstrava com orgulho a beleza e a arte dos trabalhos produzidos pelos artesãos, bem como a utilidade que tinham no dia-a-dia das pessoas. Apesar de não existir em abundância, ainda é possível encontrar e admirar algumas peças artesanais em
Cestaria, Latoaria e Tecelagem.
Linho
Na arte da Tecelagem, uma das matérias-primas utilizadas é o linho. Este é semeado no mês de Maio e quando estiver criado é arrancado. De seguida, coloca-se numa laje, bate-se muito bem para cair a semente e colocam-se em molhos. Estes são deixados nos ribeiros ou rio para curtir, presos por pedras ou areias para não serem levados pelas cheias. Passado algum tempo retiram-se e estendem-se num lameiro bravio, plano, a enxugar, e ao fim de três ou quatro dias são levados para casa. Aí o linho é batido com um maço, sedado (tirar a casca das fibras do linho), sacudido e depois elaboradas as maçarocas (trigas do milho); estas ficam de um lado e a estopa de outro. Depois é tudo fiado e no final sarilhado num sarilho (instrumento rotativo em que se enrolam os fios das maçarocas para formar meadas). De seguida coze-se tudo em grandes panelas de ferro, colocam-se a corar, lavam-se muito bem e novamente vão a corar, por um período de quatro a cinco dias. Finalmente, depois de coradas vão para a dobadoira e fazem-se novelos, ficando o linho pronto a ser utilizado.